segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Vampiridade Harmônica

Desvendar a harmonia
Briga do querer e pular
Bate leve nostalgia
Mas é impossível parar

De música vive a mente
Preciso a conhecer
Se quiser botar no papel
Tudo que minha alma sente

Só palavras já não bastam
Necessito algo mais
Intervalos que se encaixam
E não esqueço jamais

Não paro, nem tão cedo
Releio a página, me reviro
O desconhecido, escrevo
Deste livro, me tornei vampiro


(Gabriel Holanda)

Saudade

Aperta, dói
Faz crescer, ouvir
Cada sentido, corrói

A mesma que dá força
Agride e mata
Põe o pescoço na forca
E faz renascer do nada


(Gabriel Holanda)

Universos Distintos

Como escreve o que se sente?
Como chega a quem lê?
E se digo que a palavra mente
Será o problema eu ou você?

Se digo amor ou simpatia
Lerás dor ou apatia
Penso no silêncio, sai o grito
Queima como aguardente invadindo seu ouvido

Não nascemos para tanto
Nunca vamos nos entender
Não me questione, fique no seu canto
E eu continuo a escrever


(Gabriel Holanda)

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Tetricidade à Prova

Enquanto arrasto corrente
Você se senta, contente
Não sei se a morte te rodeia
Ou a mim que é alheia

Talvez seja o contrário
Mas não posso mais parar
Assim faço minha vida
Minha estrada, meu cantar

Se eu sentisse como se sente
E você abrisse a mente
Num sublime despertar
Largarias toda a métrica
E por inteiro eu congelaria
Imerso em sua vida tétrica

Quem espera nunca alcança
Corre, sempre há tempo
Tosse a fumaça e inala o ar

Como mãe, sendo relapsa
Só o choro da criança
Pra fazê-la acordar


(Gabriel Holanda)

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Divergência

Sentidos opostos
Mentes inelásticas
Me ponho a postos
Cederei ante à estática

Se quero vinho
Vem-me água
Se peço carinho
Transparece minha mágoa

Ponto de equilíbrio
Tudo que peço saber
Ver um botão de Lírio
Antes do dia amanhecer


(Gabriel Holanda)

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Motivo pra Viver

Hoje soube sob qual forma virá
Encarnando como menina
Traz tua alma clara para cá
Com tua beleza nos fascina

Vejo uma bebê linda
Aprendiz, esperta
Engatinhando curiosa

Brinca com coisas coloridas
Nos diverte com sua gargalhada
Dos diamantes, és nossa mina
Das rosas, a mais rosada

Filha, novo motivo
Mais mil anos quero viver
Serei o melhor amigo
Que neste mundo irás conhecer

Choro, choro muito
Mas são lágrimas de alegria
Derramo-as com o melhor intuito
De te apresentar a fantasia

Melhor coisa que já fizemos
Felicidade de sua mãe e minha
Não sei se tanto merecemos
O esplendor da tua companhia

Pode deixar, faremos por onde
Dorme tranquila enquanto te zelo
Papai nunca estará longe
Mais brilhante que ouro já é o nosso elo


(Gabriel Holanda)

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

O Eclipse de um Santo

Vejo um homem simples
Qual velho pescador
Chapéu rodado de palha
Debruçado na madeira, no metal
Falar calmo e disfarçado
Em um dia mais que normal

Cabelos e barba branca
Esvoaçam ao vento
É só mais um de seus trabalhos

Atrás de embaçada lente
Da catarata eclipsante
Encobre como quem mente
Um sentimento em retalhos

Dura vida... vida dura
Antes não durasse tanto
Pois nunca verá a formosura
Dos contornos de um santo


(Gabriel Holanda)

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Coma Induzido

Quem joga a vida fora
Tranca num quarto sujo
Derrete a chave e faz um cachimbo

Escorre a consciência na calçada
Na rua encontra o não-saber
Do asfalto se torna o limbo

Alma vagando ao léu
Se cobre atrás de podre véu
Tudo o que tem provém do fel
E não distingue o inferno do céu

O mundo não acabou
O outono virá com seu aroma
Mas a flor que não desabroxou
Só verás se acordares do coma

Enquanto respiras, larga o crack
Morde a existencia como um alicate
Faz da vida um rio limpo
Antes que o xeque seja mate


(Gabriel Holanda)

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Vale das Rugas

O Sol desponta no fim do mar
A lágrima desce
Rasga a velha ruga
E abre espaço pro desabafar

Sonho vem, realidade se vai
Inverte, transcende, revive
Passa e sai

Jogo o sonho fora
Rasgo o livro do pensar e ando
Caminho tão longo quanto estreito

Piso no vazio, enlaço a insônia
Só durmo quando retirado o espinho
Cravado no meio do peito


(Gabriel Holanda)

Surda Nossa Língua

Quem não muda, a vida enmuda
Diz o ditado que inventei
Eu sou um que preciso de ajuda
Mas de onde virá, nunca sei

Quando perdido me encontro
Recorro sempre à sintaxe
Corro de um a outro ponto
E faço o cálculo da paralaxe

Não julgai para nao serde julgado
Disse alguém em tempo vasto
Mas de sangue tenho o corpo molhado
Pendurando tua cabeça no mastro

Contradição é um bicho feroz
E sempre ataca a todos nós
Mudar, falar menos, ouvir mais
Tudo o que se quer fazer, mas dificilmente se faz


(Gabriel Holanda)

Menina Anjo

Menina que não sabe o valor que tem
Beleza inestimável aos meus olhos e alma
Aproveito meu momento zen
Para referir-me a ti com toda calma

Basta-me teu olhar para me acolher
Como um só, por entre raios já caminhamos
Da nossa união, cumprindo o dever
De realizar o que sempre sonhamos

Alma gêmea da minha
Sentido extra-fisiológico
Aponta-me a estrela guia
Para um caminho mais que lógico

Festa dos anjos
Lá iremos
Um só espírito
Venceremos
Toda dor se fará longe
Ao fim, com a calma de um monge
Voltando para de onde viemos

Só te prometo a alegria
Meu sorriso, minha risada
E no amanhecer de cada dia,
Serei teu anjo da guarda

Presente mesmo distante
Nunca digo adeus
E não esqueço nem um instante
Que os meus filhos também serão teus



(Gabriel Holanda)

Depre-Opressão

Sinto, logo sofro
Entre cobras, por dentro cresço como mofo
À volta encolho
Reduzo a caroço

Abro a mente
Reduzo gestos
Observo a serpente
Engulo toda a enchente
E devolvo sistematicamente

Gelado e calculado
Utilizo-me do vício
Fim sei que há de ter
Mas já não lembro do início

Num movimento bem ensaiado
Desarmo alarmes e sirenes
No dia-a-dia cronometrado
Estrangulo-me, tudo treme

Treme de proa à popa
Vibra a superestrutura
Rasga a carne de minh'alma
De aço e sangue já sou mistura




(Gabriel Holanda)

Vida da Minha Vida

Ah! Como é bom viver,
Viver e aprender com você,
Fôstes um grão de arroz na palma da minha mão,
Mas na verdade, já estavas no ninho do meu coração.

O tempo passa, passa e passa,
Qual tempo de passar,
Tantas falhas dos caminhos
O tempo há de apagar.

Não se ganha um guia para a vida ensinar,
Mas hei de ser melhor
quando você chegar.

Rimas simples, fáceis de ler, eu escrevo pra você,
Meu lindo raio de sol,
Ensina-me a viver!


(Márcia Reis, minha mãe - à minha filha)

A Mentira do Crescer

Como homem feito, não só choro
Estremeço, berro e me contorço
Cada músculo e cada osso
Num balé de torturar

Seco a testa na manga
E cuspo o azedo
Lágrimas na varanda,
Hoje já não tenho medo
Do que ver ao despertar

Mas receio é segurança
Experiência é uma criança
Que contradiz a aliança
Do crescer sem se chorar

Cresço.
Envelheço.
Me encolho e viro do avesso
Toda arte que aprendi
Num segundo já esqueço
Quando vejo, me perdi
E volto direto ao começo


(Gabriel Holanda)

Telhado Errante

Sinceramente estou com o peito apertado e aflito
Hoje tive acesso à tua poesia
Me admirou a forma como postes pra fora o grito
Pelo telhado que o amassou devido à ventania

Sei que todos temos mágoas
Somos errantes, humanos
Mas nao crucificai ao próximo
Pela dor imposta ao longo dos anos

Por um minuto, meu coração parou de bater
A garganta trancou o grito oprimido
Não sei se o que dizes é ser ou nao ser
Mas me dói o peito como se referes ao referido

Pelas mãos deste muito sofri
E por tempos, achei que não conseguiria levar
Mas me recorre à mente "Diferenças Semelhantes"
Que como mestre, detalhastes a arte de perdoar

O Deus dele, é o nosso Deus
Talvez falte uma lente mais aguçada
Não é facil enxergar do mesmo patamar
Quando se vê pela janela estilhaçada

Grande irmão amigo, abre o peito e perdoa
Que a vida passa rápido, como andorinha no verão
Assim encherás o vazio do peito que desabotoa
Pondo em prática toda a beleza e amor do teu coração


(Gabriel Holanda)

Semente Minha

Olhos grandes e singelos
Rosto liso e redondo
Te darei todo esmero
E desde já nada te escondo

No alvorecer de um dia não longe
O meu calor eu te darei
E desse mundo que a ferro tange
Tudo o que sei te ensinarei

Cópia do meu sangue
Fruto do meu amor
Enquanto forte te guardo em meus braços
E te protejo de toda dor

E quando o mundo entrar em seu mundo
Sempre por perto, estarei lá
Não posso tornar avarentos em mudos
Mas em meu colo poderás soluçar

Confidente, amigo, companheiro
Informante, cúmplice, mensageiro
Ante o mal, à morte beiro
A manter o sorriso do meu filho primeiro

Não te quero em calmaria
Mas servir-te de porto seguro
E que no ardor do dia-a-dia
Nosso amor se mantenha puro

Venha!
Cresça!
Eu te espero.
Viva!
Durma!
Te observo.
Puxe o ar e grite forte
Mais que pai, serei um norte
A cuidar-te como um servo


(Gabriel Holanda)
 
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