sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Pedra Viva

Construtor de castelos, minguado
Levava na mochila seu fardo
Viajava por terras estranhas
E sentia saudades medonhas

Não podia evitar serviço
Nem tampouco dar sumiço
Aos pagadores se curvava

Sentia o peito doído
Por não ser compreendido
Pela amada que esperava

E na caixa de correio
Dia a dia dor que veio
Em galope bem rasante

E cravava em si estigma
De merecer dor maligna
Que flagela a cada instante

Mas por que cargas d'água
Se culpava desse jeito
Se ao dormir chorava
Só lembrando do seu leito?

Não se explica o ser humano
Nem a dor que a carta fita
Se ela aguentou um ano
Vai ver então que já não liga

Mas ele acreditava
De teimoso ou de burro
Que o amor que o esmagava
Não cairia com um murro

Espera morena, pensava
São só datas, nada mais
Nem o mundo separava
O que o amor atou a lais


(Gabriel Holanda)

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Day

Doei-me a ti
Antes que percebesse
Ynda lembro do acaso
Avançamos um pro outro
Nenhuma dúvida, valeu!
Atados sempre seguiremos

Bom coração
Risada gostosa
Invasora dos meus pensamentos
Tanto te zelo
Tanto te quero
Obrigado por tudo

Tenha olhos pra mim
E minha alma compreenda
Invocamos felicidade
Xeretando alegria
E agora nosso tesouro
Ive, coisa mais linda
Registra no céu nosso namoro
Amor este, além da vida

 
(Gabriel Holanda)

domingo, 5 de setembro de 2010

O Feitiço e o Feiticeiro

Ser humilhado não dói
Ser humilhado não, dói?
Ser não, humilhado dói?
Sermão, humilhando a dor!

Dor humilha o sermão
Humilhando seu irmão toda dor
Irmão que pensa que não dói
Vai pedir piedade ao Senhor

Crucifica o miserável
Miséria é dor que cresce
O que pensa que é louvável
Logo em breve te escarnece


(Gabriel Holanda)

Silêncio Profundo

O nível do mar subiu
E meus pés, ancorados ao fundo
Administrei o ar dos pulmões
Com receio de me afogar e sumir do mundo

Essa voz ecoou no meu vazio
Acordou a fera que dormia calma
Segurei o ar mais um segundo
Com receio de me afogar e sumir do mundo

Tentei convencer o mar
Mas que bobagem, pretensão
Não se sujar abraçando um ser imundo
Já sem receio de me afogar e sumir do mundo

Finalmente me entreguei
Já não tinha mesmo escapatória
E gritei um silêncio profundo
Desta forma me afoguei e sumí do mundo


(Gabriel Holanda)

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Maldito Fuso

O sono não vem
A noite não vai
Tento ficar bem
Nada me distrai

Queria cansaço
Me vem consciência
Desisto, dou um passo
Perdi a paciência

Pra não ficar rolando
Progrido nas páginas de um livro
O universo vou desvendando
Solitário no meu "meio-abrigo"

A vista embaralha
Acho que agora vai
Fecho os olhos, me concentro
Mas todo sono se esvai!

Louco, já nervoso
Anseio pela hora do trabalho
Mas o relógio, teimoso
É tão lento quanto falho

Parece ter vontade própria
Ao passo que é sempre do contra
São quase cinco, estou desde uma
Nada me ajudou o mais belo mantra

Quem dera tivesse alguma droga
Ou que eu dormisse só com fé
Escrevendo isto, desisto do sono
Assino e vou tomar café


(Gabriel Holanda)

domingo, 22 de agosto de 2010

Teatro da Vida

Papel na mesa, caneta na mão esquerda
O punho direito, calejado, segura meu rosto
Cotovelo mantém o sistema no lugar

Passo a transcrever a mim mesmo
Ponho meu retrato na janela
A quem passando quiser olhar

Não digo coisas belas, mas reais
Apresento espectativas e memórias
Dispenso enredos teatrais
Talvez ninguém se interesse em minhas histórias

No pão que o diabo amassou,
Passei manteiga e taquei queijo
Quando vi que o cão não gostou,
Sorri pra ele e mandei beijo

Construí castelos de pedra
E cavei buracos profundos
No rio da vida, fui contra a regra
Boiei mesmo pesado, sem nunca tocar o fundo

Fui taxado de louco, apaixonado
Sonhador, burro, delinqüente, safado
Vira-lata, fraco, viajante, bastardo
Mas cruzei um deserto e descansei sobre o fardo

Ainda miro uma longa caminhada
Milhas, trilhas, quadrilhas, qüinquilhas!
Trabalhei toda essa noite enluarada
Fortalecido, na memória, minha filha

Ela sim, só me dá gosto
Vale cada segundo da tortura
Deixo meu peito aberto, exposto
E regurgito qualquer traço de amargura

Se o queixo bate, mordo
Se a vista inunda, seco
Já não me sinto mais morto
Nem choro olhando pro teto

Sangrei vários litros, mas nenhum pingo a esmo
E do que passei, só Deus e eu de testemunhas
Sei que estas linhas, um ou dois vão ler mesmo
Mas gravei as marcas dos meus dentes e das minhas unhas.


(Gabriel Holanda)

sábado, 21 de agosto de 2010

Improdutividade

Tentei fazer um suco de amendoim
Não sei o porquê,
Mas não virou suco
Virou poeira salgada
Acho que deveria ter botado água
Não tinha água
Tinha feijão
Li que um caroço tem 15% de água
Bati junto os 10 caroços que tinha
Continuou seco.
Joguei tudo fora.


(Gabriel Holanda)

Concordância

Nunca fui de concordar
com quem concorda
em não concordar
com qualquer concordância benéfica.

Por vezes, não concordo comigo mesmo.

A anunciação da discordância, por sua vez,
nunca me trouxe benefícios
portanto, mesmo quando não concordo,
doravante sigo concordando.


(Gabriel Holanda)

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

S(c)em Alma(s)

Diz-se que havia um navio
Desses de madeira, com remendos mil
De um louco capitão que baforava fumaça

Com ervas loucas, fazia pavio
Só de ouvir, senti arrepio
Por almas de cem marinheiros que amassa

Caminha da ponte à proa
Entoando a canção do vento que voa
E só pára engolindo dois litros de cachaça

Ouvi que ele anda com um chicote
E que ama sentir o cheiro da morte
Torturando cada homem que no convés passa

Da prancha alimenta tubarões
Da carne humana, só poupa os corações
Que volta e meia em fogueira assa

Ah! Os olhos! Ele os conserva em cêra
E coleciona em estante de madeira
Pra não cair no esquecimento a desgraça

Sobre cada marujo só penso: coitado!
Como foi perecer pra'quele pobre diabo
Que não vale de um rato nem a raça?

Estou certo que ouviu falar de mim
E na imensidão desse mar sem fim
Eu caço ele e ele me caça

Todos aqueles espíritos aprisionados
Só em terra podem ser libertados
Do homem que a maldade arde em brasa

Se esbarrar com o navio, dou sumiço
Esquartejo o capitão, assumo o passadiço
E levo as cem almas de volta pra casa!


(Gabriel Holanda)

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Boa Nova

Queria que fosse possível
Você entendesse o intangível
Ao seu olhar infantil

Que vestisse minha pele
Sentindo minha verdade
Desprovida de fundo vil

Só meu espelho sabe
Da minha rede remendada a mil nós
E que por dentro eu me acabe
Pra levar o melhor peixe a nós

Caiu uma pedra no meu calmo lago
E ondas se formaram, pequenas
Tentei acalmar soprando em volta
Mas você as fez crescer, apenas

Quem sabe um dia vai perceber
A que ponto chegamos
Já não há margem para tecer
Uma rede de enganos

Não precisamos mais de prova
E já não tenho paciência
Grito uma boa, mas não nova
Do meu amor, és a essência


(Gabriel Holanda)

domingo, 15 de agosto de 2010

Despromoção

Um amigo, quer dizer, uma pessoa próxima.
Daquelas que se vive sem, mas se estima.
Aproximou-se enquanto me corriam pela alma certos versos.
Versos estes que me soavam como obra da mais linda arte.
E, sem ser questionado, pronunciou: mas isto é uma bosta!
Para não demonstrar a aversão que senti naquele momento,
apenas levantei uma das sombrancelhas. Felizmente, ele não entendeu.
Quando se lê sobre um arrepio causado pela brisa de uma clara e fria manhã,
só é entendível àquele que em algum momento da vida já deu atenção à tal sensação.
Aos olhos do descrente, não existe verdade. Vai dizer! Tente! Desista...
Feliz na sua infelicidade, invasor de momentos que não lhe pertencem.
Essas palavras de suicídio sentimental,
desprovidas da pouca inteligência que possuímos, cortam.
Mas não a mim. Contrario a lógica mundana e sigo.
Gostaria de agradecer a você, que quase me fez sentir tristeza,
pela inspiração que me emprestou para que eu me descobrisse ainda mais.
Amigo? Camarada? Colega? Conhecido? Já sei! Um alguém!!
Muita luz pra você! Obrigado por ter sido tão ninguém!


(Gabriel Holanda)

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Continuidade

Invade o rastro que deixei
Pra tentar entender o que passei
Segue a esteira de todas as coisas que fiz
Perceberá o quanto cheguei por um triz

No peso que carregava por horas
O suor que ardia nos olhos
Cada porta que me impediu a entrada
Desejo e dor brotando dos poros

Do calor de um Sol sem piedade
Ao frio de uma longa noite cruel
A neblina que me envolveu com saudade
De seguro sorver doce mel

Na solidão de um mar gigantesco
E o abandono que na pele senti
Os gritos de um homem grotesco
A cada dia, com fé, sobrevivi

Não livre de todos esses sentimentos
Permaneço hoje, como não achava ser
Só dominei a arte de congelar momentos
E vejo que pra sempre assim vai acontecer


(Gabriel Holanda)

terça-feira, 22 de junho de 2010

Recém Nascida Mestre

Surpreenda-se, este mundo é nosso
Agora vai poder me conhecer
Certos ou não, somos o que sabemos ser
E pra falar de nós, sinto que sempre posso

Revolveu a terra onde fiz minha base
Adoçou o jiló, vi o quanto fui quase
Quase sempre quase nada, tão pequeno e à mercê

Minha cama era estrada, cada fala berrava
Em dois passos voltava um, estarrecia, tropeçava
Percebo hoje o quanto aprendo com você


(Gabriel Holanda)

domingo, 2 de maio de 2010

Povo perdido: perdoa Pai?

Pelo peito parece passear pesado paradigma
Pressionando pessoas a pendular passado
Parafraseando péssimas poesias
Provindas de perdido poeta
Posto por profeta
Pondo em prática preceitos
Perpetuando perfeitos paradoxos
Porém profundamente pendentes,
Percebendo-os do ponto pessoal
Pesa peso parado
Pretendendo prover pulo perigoso
Para pobre pedestre. Pudera!
Posta péssima propaganda proferida publicamente
Posso propor paraíso
Perguntando perigosamente:
Por que Pai?
Pelos pecados do povo?
Pelo perdão:
Poupa-nos perante perdição perversa
Por nós próprios preparada,
Porventura previamente paga.


(Gabriel Holanda)

Influência Mútua

A luz entra sem pedir licença. Invade a retina que independente de sua vontade contrai. Refoca e enxerga o caminho. Mentalizar o próximo passo e executá-lo. Na vida não é preciso enxergar o dia seguinte. Percebendo a influência que tem o agora no próximo minuto, mudamos um tempo que na verdade, não existe. O amanhã. Em verdade, é algo tão simples e trivial, que parece por vezes inalcançável. A cada instante definimos o temido "destino", e de certa forma, influenciamos o do próximo, já que não podemos fugir da co-responsabilidade interpessoal individual. Não pensemos, nunca, que não temos uma parcela de nossos sagrados dedos na vida de uma criança abandonada do outro lado do mundo. Caso contrário, seria mais confortante abandonar nossa, desta forma, infeliz existência.


(Gabriel Holanda)

sábado, 1 de maio de 2010

Amor Sem Pressa

Ao som da brisa da noite
Peço a um anjo te guardar
Inalo pólen que me acorda
Sinto-me a levitar

Transportado a outros mundos
Onde não haja distância
Só nós dois andando juntos
Livres como na infância

Hoje cultivamos sonhos
Insistindo no que julgamos necessário
Não mais, apressados somos
Mas como folhas aguardando orvalho


(Gabriel Holanda)

Um Grito que Amansou

Qual o sentido da avaliação de poesias?
Se for para separar as medíocres, aceito!
Mas como averiguar o potencial de invasividade de uma frase?
Não é pertinente medir o efeito
Que causa um verso em mim ou em você
Depois fazer uma média e dar uma nota
A poesia não deve ser avaliada
Nem medida
Nem tampouco explicada
Deve ser sentida, respirada, vivida

Tem poder de arrepiar
Inundar os olhos
Contrair o maxilar

Revive um momento
Executa um sentimento
Alma e corpo a se alinhar

Quando vejo lá de cima
Sem querer brotou a rima
Que eu quis tanto evitar

E o que era pra ser grito
No final soou bonito
Tal qual fêmea mata o mundo
Pro filhote alimentar


(Gabriel Holanda)

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Ih! Vê Daý!

Então eis que vem chegando a hora
Vai revelar o que tanto imaginei
Manda a saudade do que não vi embora
Que eu exponho muita coisa que guardei

Ih! Vê que até agora tudo deu certo
Toda aquela agonia a lugar algum levou
De maneira alguma, é que eu seja mais esperto
Mas de lá e Daý, sempre Deus nos ajudou


(Gabriel Holanda)

terça-feira, 27 de abril de 2010

Uns Dias (de transição)

Fim da escada
Início da estrada
Estrada de verdade
De alegria e sanidade
De revelia e bondade

Me dividiu por uns dias
Surgiram dúvidas indevidas
Me pus muito a pensar

No rumo das coisas
No rumo da arte
No rumo do ser
Com o sofrimento
Acertei os ponteiros
Agora melhor farei o viver


(Gabriel Holanda)

terça-feira, 16 de março de 2010

Menino Montanha

Menino virando homem
Segura a barra e não chora
Segue a vida cantando
Permanece, não vai embora

Direito de errar
Tem.
Poder de mudar
Mantém.
Evita distribuir
Desdém.

Equilibra em fio fino
Engole a letra escarlate
Não deseja ser granfino
Mas mostrar a sua arte

Irmão forte, tá crescendo
Toma pra ti meu ombro
Serenidade sua na luta, estou vendo
E acredite, não me assombro

Nunca esperei menos
De ti, só recebo alegria
Quase nada remoemos
Espero retribuir algum dia


(Gabriel Holanda)

Anti-Fragrância

Exercito a humildade
Mas aprendi a não pedir
Uma ajuda, por favor

Você nem toca no assunto
Fico tão diminuído
Na sua frente, seu doutor

Não entendo essa distância
Tanto a gente se afastou
Já não sinto sua fragrância
Parece que tudo acabou

Sinto falta de uma época
Não precisava pedir licença
Momentaneamente viro um peso
Que te perturba como doença

 
(Gabriel Holanda)

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Visão no Espelho

Desde o início fomos um
Toda dor e alegria em dobro
Ante a ti me ajoelho

Hoje, homens, vejo um irmão
Não mais novo, diferente
Mas o percebo no espelho

Almas fundidas
E cada qual no seu navio
Mais que amigas
Da saudade virei pavio

Irmão que zelei
E cuidei da sua ferida
Há muito tempo já sei
Nosso amor vai além da vida

Te espero em silêncio
Guardo forças pro abraço
Seco as lágrimas do rosto
E finjo esquecer o cansaço

Me desculpe a simplicidade
Destes versos talvez infantis
Impossível escrever a verdade
Quando não se trata de Y mais X

Volta irmão,
Sem você só vou levando
Junto à minha, quero tua mão
Pra sempre amado Fernando.


(Gabriel Holanda)

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Poeira e Barro

Na solidão o homem se forja
Sente a força da consciência
O inimigo é a vontade

Como fruta que amadurece
Pesa no pé, entorta o galho
Dá sabor como caridade

Ensino a mim mesmo
O controle das emoções
Já não caminho tão a esmo
Por entre esses turbilhões

Óh estrada remendada
Barro batido e poeira densa
Ora no meio, ora calçada
Firmo escolha mais que intensa


(Gabriel Holanda)

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Acredite, Estou Aqui

Toda dor é passageira
Pode crer, a sua também é minha
Antes eu sentisse só
Certamente, menos doeria

Me perdoe a impaciência
O nervosismo e até a pressa
Se é o que mostro na aparência
Quando o coração não se arremessa

Uma vez, sendo criado
Desejei roubar seu desconforto
Aprendo hoje, desapontado
Cada barco ruma pro seu próprio porto

Por dentro sinto derreter
Mas mantenho a fachada de pedra
Não me permito transparecer
Nada que te desalegra

Pássaro de asa quebrada
Te levo pra voar comigo
É muito mais fácil se recuperar
Ao lado de um filho, e melhor amigo...


(Gabriel Holanda)

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Degraus Impuláveis

Teimamos em prever dificuldades
Não há como pular etapas
Cada degrau ajusta o passo de cima

Previsão despreparada gera falta de vontade
Cultivando o desespero, aumenta a inércia
Só o verso anterior arma a base da rima

Não quero apressar o conhecimento
Pois dentro de mim, pode virar peçonha
Tudo o que não preciso é atropelar meu momento
Quando perceber, cresci como teia de aranha


(Gabriel Holanda)

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Pende e Maravilha

Bela flor, cheiro encorpado
Esperança, nela eu pus
Arranco de mim todo o passado
E caminho em direção à luz

Como é bom sentir a vida
Acompanhar um florescer
Com a leveza do teu rosto
O mundo todo quero ver

Momentos ásperos e de bonança
Completam quem sabe lidar
Como um barco que balança
Mas colhe peixe ao navegar


(Gabriel Holanda)

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Desistência ConfortAmôr

Deixando de lado toda a falta de noção
Por vezes deixamos de lado o fator humano
Nos enfiamos em caixa pequena e desagradável
Batemos os pregos, selando a saída

Mas se é pra desistir
Desistiremos como homens
Sentindo da culpa, todo o torpor

Resumiu meu irmão
O que eu não soube dizer
Desistirei confortado pelo amor


(Gabriel Holanda)

Jardim Murado

Se o sofrimento tem hora para acabar
Ao final a cabeça aumenta seu sofrer
O tempo parece então correr devagar
E volta e meia o relógio tende a inverter

Poucos dias separam a tristeza da alegria
Ausente por vezes me sinto deste ambiente
Ao início de Março, o Sol cortará um lindo dia
E sorrirei, com a alma mais que contente

Tristeza é um muro entre dois jardins
Kahlil Gibran disse sabiamente
Logo logo pulo dele para um ou outro
E derrubo esse muro que me aflige a mente


(Gabriel Holanda)

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Loucura Muda

Nada digo, calo-me
Não vão entender
De máscara, armo-me
Meu rosto não vão ver

Silêncio, melhor remédio
Tortura, de quem recebe
Inércia, aproveito o tédio
Insensibilidade, já não percebe

Indo,
Não cheguei a ir
Mas como se tivesse ido,
Comecei a cair
Caí de dor
Já sem sentido
Caí de amor

Em outra vida
Minhas palavras li
Dessa vez confesso
Nem eu mesmo me entendi


(Gabriel Holanda)

domingo, 3 de janeiro de 2010

Ao Longe

Vejo pessoas queridas num quadrado
Elas se mexem, riem, falam
Quadro com voz, um pouco embassado
No meio da conversa, todos se calam

Quase os toquei
E senti o cheiro
A cabeça confusa
Como torto tabuleiro

Falha da comunicação
Não há mais o que fazer
Vejo ao longe o farol do Capão
Que já tende a desaparecer

Hora de dormir
Me despeço aos fantasmas
Escrevendo qualquer besteira
Pra amenizar estas lástimas


(Gabriel Holanda)

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Senil Amigo Traído

Rompe as algemas dos pulsos
Te liberta do que tu mesmo criastes
O homem que se coloca entre ursos
Não enxerga de Deus, as belas artes

Homem feito, dito crescido
Guarda no rosto as marcas do tempo
Seu pescoço, ao céu se dobra

Experiência que não o guiou
Criou a lama e se afogou
No abrigo do lar foi picado por cobra

Companheiro de jornada
A vida é boa se souberes ver
Acerta o rumo da caminhada
Só assim terás o que mereces colher

Nossa conversa de uma hora
Angustiou-me, passou pavor
Guardei em mim tudo o que jogaste fora
Num desabafo de muita dor

Homem bom e idôneo, que com pouco se satifaz
Espero, sincero que seja feliz
Aprende com os erros e não esquece jamais
Ela, vestida como dama, era mera meretriz

Incapacidade de desejar o mal
Daí vem tua salvação
Deseja alegria, ela sim é vital
E já tens os céus na palma da mão


(Gabriel Holanda)

Natal Sobre-quilhado

Chegou o tão esperado Natal
Em todas as terras, a festa sublime
Famílias se reúnem e celebram em paz
Vinhos, mesas fartas
Vezes nem tão farta assim
Mas o espírito prevalece
Com o desejo de um futuro melhor
Orações fervorosas
Mãos apertadas, troca de suor

Enquanto isso, semelhante festa se dá
A bordo de uma ilha de aço
Que balança ao sabor do mar
Homens valentes e corajosos
Se reúnem à volta de ceia
Carinhosamente preparada
Enquanto cortam as águas
Com a quilha pesada
O que nos vem à mente
É a passagem do Sol
No solstício de inverno
Para o hemisfério norte

Ansiosa é a espera por presentes
Mas mais ansiosa ainda
É a espera da família
Por aquele que está no mar
Esposas, filhos, irmãos e pais
Os aguardam na triunfante volta
Para a segurança e o aconchego do lar

Solitário em sua própria solidão,
Sorri numa mescla de saudade e tristeza
Introvertido, um turbilhão de pensamentos ocorre
Lembra de Natais distantes,
Mais felizes...

Na escuridão do oceano bravio
Uma enorme vaga explode no convés
O navio treme e se retorce
Numa lamentação solidária à sua tripulação

Eles, fortes homens do mar
Peitos forjados com a dureza do aço
Cumprem sua missão
Independente da especial data

São onze e meia, hora da ceia
O sorriso desaparece em nosso íntimo
Nos reunimos em prol de nossos costumes
É o Natal no mar.
É o Natal do navegante.
É o Natal da saudade.
É o Natal da espera...


(Gabriel Holanda)
 
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