domingo, 15 de agosto de 2010

Despromoção

Um amigo, quer dizer, uma pessoa próxima.
Daquelas que se vive sem, mas se estima.
Aproximou-se enquanto me corriam pela alma certos versos.
Versos estes que me soavam como obra da mais linda arte.
E, sem ser questionado, pronunciou: mas isto é uma bosta!
Para não demonstrar a aversão que senti naquele momento,
apenas levantei uma das sombrancelhas. Felizmente, ele não entendeu.
Quando se lê sobre um arrepio causado pela brisa de uma clara e fria manhã,
só é entendível àquele que em algum momento da vida já deu atenção à tal sensação.
Aos olhos do descrente, não existe verdade. Vai dizer! Tente! Desista...
Feliz na sua infelicidade, invasor de momentos que não lhe pertencem.
Essas palavras de suicídio sentimental,
desprovidas da pouca inteligência que possuímos, cortam.
Mas não a mim. Contrario a lógica mundana e sigo.
Gostaria de agradecer a você, que quase me fez sentir tristeza,
pela inspiração que me emprestou para que eu me descobrisse ainda mais.
Amigo? Camarada? Colega? Conhecido? Já sei! Um alguém!!
Muita luz pra você! Obrigado por ter sido tão ninguém!


(Gabriel Holanda)

2 comentários:

  1. Old, devo dizer que a existência desses filhos de uma puta são, de certa maneira, essênciais na tarefa diária do estranhamento, que eu discorri no último post. Eles servem como molde de tudo o que não devemos ser, mas necessários dentro de uma esfera de comparação. São o reflexo da intenção de nunca querer ser, mas indispensáveis como combustível para esses versos. Não são só elementos como esses responsáveis por determinar tal sentimento, mas também situações parecidas com essa. Sendo assim, a certeza de estar caminhando em passos firmes, retirando variação, desvios e erro da gyro, à contemplação do belo e profundo sentimento de satisfação interior.

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