segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Degraus Impuláveis

Teimamos em prever dificuldades
Não há como pular etapas
Cada degrau ajusta o passo de cima

Previsão despreparada gera falta de vontade
Cultivando o desespero, aumenta a inércia
Só o verso anterior arma a base da rima

Não quero apressar o conhecimento
Pois dentro de mim, pode virar peçonha
Tudo o que não preciso é atropelar meu momento
Quando perceber, cresci como teia de aranha


(Gabriel Holanda)

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Pende e Maravilha

Bela flor, cheiro encorpado
Esperança, nela eu pus
Arranco de mim todo o passado
E caminho em direção à luz

Como é bom sentir a vida
Acompanhar um florescer
Com a leveza do teu rosto
O mundo todo quero ver

Momentos ásperos e de bonança
Completam quem sabe lidar
Como um barco que balança
Mas colhe peixe ao navegar


(Gabriel Holanda)

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Desistência ConfortAmôr

Deixando de lado toda a falta de noção
Por vezes deixamos de lado o fator humano
Nos enfiamos em caixa pequena e desagradável
Batemos os pregos, selando a saída

Mas se é pra desistir
Desistiremos como homens
Sentindo da culpa, todo o torpor

Resumiu meu irmão
O que eu não soube dizer
Desistirei confortado pelo amor


(Gabriel Holanda)

Jardim Murado

Se o sofrimento tem hora para acabar
Ao final a cabeça aumenta seu sofrer
O tempo parece então correr devagar
E volta e meia o relógio tende a inverter

Poucos dias separam a tristeza da alegria
Ausente por vezes me sinto deste ambiente
Ao início de Março, o Sol cortará um lindo dia
E sorrirei, com a alma mais que contente

Tristeza é um muro entre dois jardins
Kahlil Gibran disse sabiamente
Logo logo pulo dele para um ou outro
E derrubo esse muro que me aflige a mente


(Gabriel Holanda)

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Loucura Muda

Nada digo, calo-me
Não vão entender
De máscara, armo-me
Meu rosto não vão ver

Silêncio, melhor remédio
Tortura, de quem recebe
Inércia, aproveito o tédio
Insensibilidade, já não percebe

Indo,
Não cheguei a ir
Mas como se tivesse ido,
Comecei a cair
Caí de dor
Já sem sentido
Caí de amor

Em outra vida
Minhas palavras li
Dessa vez confesso
Nem eu mesmo me entendi


(Gabriel Holanda)

domingo, 3 de janeiro de 2010

Ao Longe

Vejo pessoas queridas num quadrado
Elas se mexem, riem, falam
Quadro com voz, um pouco embassado
No meio da conversa, todos se calam

Quase os toquei
E senti o cheiro
A cabeça confusa
Como torto tabuleiro

Falha da comunicação
Não há mais o que fazer
Vejo ao longe o farol do Capão
Que já tende a desaparecer

Hora de dormir
Me despeço aos fantasmas
Escrevendo qualquer besteira
Pra amenizar estas lástimas


(Gabriel Holanda)

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Senil Amigo Traído

Rompe as algemas dos pulsos
Te liberta do que tu mesmo criastes
O homem que se coloca entre ursos
Não enxerga de Deus, as belas artes

Homem feito, dito crescido
Guarda no rosto as marcas do tempo
Seu pescoço, ao céu se dobra

Experiência que não o guiou
Criou a lama e se afogou
No abrigo do lar foi picado por cobra

Companheiro de jornada
A vida é boa se souberes ver
Acerta o rumo da caminhada
Só assim terás o que mereces colher

Nossa conversa de uma hora
Angustiou-me, passou pavor
Guardei em mim tudo o que jogaste fora
Num desabafo de muita dor

Homem bom e idôneo, que com pouco se satifaz
Espero, sincero que seja feliz
Aprende com os erros e não esquece jamais
Ela, vestida como dama, era mera meretriz

Incapacidade de desejar o mal
Daí vem tua salvação
Deseja alegria, ela sim é vital
E já tens os céus na palma da mão


(Gabriel Holanda)

Natal Sobre-quilhado

Chegou o tão esperado Natal
Em todas as terras, a festa sublime
Famílias se reúnem e celebram em paz
Vinhos, mesas fartas
Vezes nem tão farta assim
Mas o espírito prevalece
Com o desejo de um futuro melhor
Orações fervorosas
Mãos apertadas, troca de suor

Enquanto isso, semelhante festa se dá
A bordo de uma ilha de aço
Que balança ao sabor do mar
Homens valentes e corajosos
Se reúnem à volta de ceia
Carinhosamente preparada
Enquanto cortam as águas
Com a quilha pesada
O que nos vem à mente
É a passagem do Sol
No solstício de inverno
Para o hemisfério norte

Ansiosa é a espera por presentes
Mas mais ansiosa ainda
É a espera da família
Por aquele que está no mar
Esposas, filhos, irmãos e pais
Os aguardam na triunfante volta
Para a segurança e o aconchego do lar

Solitário em sua própria solidão,
Sorri numa mescla de saudade e tristeza
Introvertido, um turbilhão de pensamentos ocorre
Lembra de Natais distantes,
Mais felizes...

Na escuridão do oceano bravio
Uma enorme vaga explode no convés
O navio treme e se retorce
Numa lamentação solidária à sua tripulação

Eles, fortes homens do mar
Peitos forjados com a dureza do aço
Cumprem sua missão
Independente da especial data

São onze e meia, hora da ceia
O sorriso desaparece em nosso íntimo
Nos reunimos em prol de nossos costumes
É o Natal no mar.
É o Natal do navegante.
É o Natal da saudade.
É o Natal da espera...


(Gabriel Holanda)
 
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