quinta-feira, 19 de agosto de 2010

S(c)em Alma(s)

Diz-se que havia um navio
Desses de madeira, com remendos mil
De um louco capitão que baforava fumaça

Com ervas loucas, fazia pavio
Só de ouvir, senti arrepio
Por almas de cem marinheiros que amassa

Caminha da ponte à proa
Entoando a canção do vento que voa
E só pára engolindo dois litros de cachaça

Ouvi que ele anda com um chicote
E que ama sentir o cheiro da morte
Torturando cada homem que no convés passa

Da prancha alimenta tubarões
Da carne humana, só poupa os corações
Que volta e meia em fogueira assa

Ah! Os olhos! Ele os conserva em cêra
E coleciona em estante de madeira
Pra não cair no esquecimento a desgraça

Sobre cada marujo só penso: coitado!
Como foi perecer pra'quele pobre diabo
Que não vale de um rato nem a raça?

Estou certo que ouviu falar de mim
E na imensidão desse mar sem fim
Eu caço ele e ele me caça

Todos aqueles espíritos aprisionados
Só em terra podem ser libertados
Do homem que a maldade arde em brasa

Se esbarrar com o navio, dou sumiço
Esquartejo o capitão, assumo o passadiço
E levo as cem almas de volta pra casa!


(Gabriel Holanda)

Um comentário:

  1. Baixou o espírito Jack Sparrow Naval Holanda...puta que pariu Gab...me senti dentro do de Piratas do Caribe... Além de um cara extremamente sensível mostrou uma sagacidade em transformar um enredo desse em caracteres... chega tirar o fôlego... E o final navalmente, de brabo assume o comando e toca pra terra... sensacional... bela tarde inspirada... Old Hug...

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